03/01/2011

Fim de Ano

Estar entre pessoas, confraternizar são coisas bem difíceis pra mim. Me sinto quase sempre inadequada no meio das pessoas, nunca sei se o que vou falar vai desagradar.
As pessoas agem de forma peculiar nas festas: conversam animadamente com quem não gostam, elogiam quem criticam, fazem poses e expressões curiosas.

Eu aprendi diversas regras sociais, como sorrir para as pessoas e olhar na direção do seu rosto quando falam comigo, demonstrar interesse, concordar ou discordar com sutileza para não parecer falta de educação ou petulância. Apesar de achar que eu faço algumas dessas coisas com certa presteza, tenho que confessar que ainda fico muito confusa em festas, ainda me cansa extremamente e ainda prefiro estar no silêncio e sozinha, mas sei que é preciso confraternizar, especialmente nas festas de fim de ano. Se quero viver em sociedade e ser aceita, preciso vencer mais essa barreira.

Desde que nossa casa ficou pronta, as festas de fim de ano são aqui porque meu marido adora dar festas e sua família é muito unida e animada. Então são eventos em que aproveito para exercitar o que aprendi e são boas oportunidades para isso, pois estou entre familiares e pessoas que conheço há um bom tempo e com quem me sinto mais a vontade.
Alterno momentos de convivência com momentos de solidão. Como minha casa é um sobrado, quando estou exausta do barulho das conversas, subo para o meu quarto, fecho a porta e busco o silêncio por algum tempo.

As pessoas perguntam de mim, algumas acham estranho eu me ausentar, mas logo alguém diz que estou cansada por ter organizado toda a festa e fui descansar um pouco. Então minha atitude termina sendo aceita, ainda que parecendo inapropriada para alguns.

Apesar de aprender todas essas regras ao longo da minha vida, sei que ainda tenho muito o que aprimorar e aprender e espero que eu consiga, cada vez mais, ser aceita e agir dentro das regras com naturalidade e sem desconfortos.

O que eu queria mesmo era ser aceita como sou, mas as pessoas simplesmente não entendem alguém que não olha nos olhos, que prefere ficar sozinha e interagir só de vez em quando e do seu modo, que não demonstra sentimentos de forma explícita e que prefere mais observar do que falar. Isso tudo é muito estranho para a grande maioria delas.
Então o que tenho que fazer é me adequar à essa maioria para encontrar um lugar nesse imenso e complicadíssimo grupo que é a "sociedade" e é isso que busco. Todos os dias.

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